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# Avessa Musa
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Sei lá que diabos sinto por ti, minha torta musa. Será o rabo, afinal? Vá lá
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saber. Mas não sou de tomar rabo pelo todo e fazer da carne objeto de paixão.
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Que não me entendam mal, à falha mente humana a estética é importante e disso
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não me aparto. Aprecio, sou franco. Mas não é o todo. Há de ser algo mais!
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O que há de ser, contudo? Há uns poucos anos, ao te conhecer, em meio aos
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convolutos rolês, eras tu a estranha musa, de esquisito sorriso
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e reticente retórica. Vi -- quiçá naquela atrapalhada risada? --
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um motivo e meio para gostar de ti. Amo? Não sei, talvez não.
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Gosto. Está bom assim.
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Ainda assim, não sei como gosto e de que gosto. Por motivo que escapa à razão,
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vi em teu cerne algo que me saúda e me toca, para além dos destrambelhos, dos
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erros linguísticos e das histórias de relacionamentos malogrados. É uma falha
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no sistema. Ter este “crush” em você é como preferir a estrada de cascalho à
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ferrovia.
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Quiçá seja só o desafio em gostar sem ser retribuído.
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Outrora já me disseram que só têm a meu coração aquelas que me desprezam.
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Verídico, talvez. Mas as musas que antes pus no pedestal tinham, todas,
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encantos que podia entender. Não tu. Nada se explica.
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Meus lábios clamam pelo teu, musa, e isto é tudo o que sei.
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